Com produção em queda, a elevação do rendimento da planta também passa pelo manejo adequado
Dados preliminares da safra 2021 estimam a produção nacional de castanha de caju em 110.669 toneladas, volume abaixo do registrado na safra passada, quando foram produzidas 139.921 toneladas do fruto, o equivalente à queda de 21%. Esses números foram anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza-CE), no dia 20 deste mês, por meio de uma live realizada no canal da Embrapa no Youtube.
Juntos, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, os três principais estados produtores de castanha de caju, respondem por 90% do total da produção de caju no Brasil. O Ceará contabilizou queda de 16% em relação à safra anterior, de 85,1 mil toneladas, em 2020, para 60 mil toneladas, no ano passado. No período, o rendimento baixou de 316 quilos de castanha de caju por hectare, para 233 quilos por hectare.
O Piauí, segundo do ranking na produção da castanha de caju, a queda foi de 23,1 mil toneladas, em 2020, para 19 mil toneladas, em 2021. O rendimento caiu de 326 quilos de castanha de caju por hectare para 263 quilos por hectare, no mesmo período.
Já o Rio Grande do Norte, produziu 16,6 mil toneladas, com rendimento de 331 quilos de castanha de caju por hectare. “Os números do estado se mantiveram estáveis com uma leve redução na comparação com o ano anterior”, informa Elder Costa, tecnologista sênior do IBGE do Rio Grande do Norte,
Problemas
Regina Dias, supervisora de Estatísticas Agropecuárias do IBGE no Ceará, credita a redução da produção à queda da área plantada do rendimento. “O rendimento caiu por conta da irregularidade e da escassez das chuvas. Além disso, problemas fitossanitários, em parte do ano, levaram os produtores a comercializar a castanha-de-caju, do que o caju, pois o preço estava melhor e, em alguns municípios, a safra foi mais curta”, justifica.
A mosca branca, por exemplo, é um grave problema para os pomares de cajueiro, podendo causar perdas de 100% na produção. “A praga age, primeiro, sugando a seiva, depois injetando toxinas e, por último, cobrindo a folha com fungos que se alimentam das fezes deixadas pelo inseto”, detalha Regina. Ela acrescenta que a lagarta-saia-justa e a cochonilha-rosada também foram pragas apontadas como relevantes para a cultura.
Prevenção
Para o manejo de pragas, a recomendação da pesquisa recomenda o monitoramento populacional e a aferição dos danos como práticas fundamentais para uma correta tomada de decisão. Segundo o entomologista Lindemberg Mesquita, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, atualmente existe o registro de cerca de uma centena de espécies de insetos e ácaros associados ao cajueiro, os quais atacam todos os órgãos da planta. “Esses insetos podem causar até 30% de perdas na produção e danos à qualidade dos produtos (amêndoas e pedúnculo), além de reduzirem a vida útil dos pomares, por causarem mortalidade das plantas”.
Na opinião de Mesquita, um grande desafio do produtor é ter que decidir, dentre as várias opções de controle das pragas aquela mais adequada e quando aplicá-la racionalmente. “A identificação correta da praga e sua bioecologia, associada à época de ocorrência e à fase de desenvolvimento da planta, são informações indispensáveis à determinação do nível de controle e a medida a ser adotada”, argumenta.
Alternativas
Segundo Genésio Vasconcelos, chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria Tropical, já existem alternativas para melhorar a rentabilidade da cajucultura, tornando-a uma atividade de alto desempenho econômico, social e sustentável ambientalmente. Como exemplos, ele cita o cultivo irrigado por microgotejamento, com produtividade de 3.000 kg de castanha por hectare, e o cultivo superadensado, além da utilização de material genético superior.
Para quem produz em regime de sequeiro, Vasconcelos cita como opções o uso de clones de cajueiro anão, a adoção de boas práticas agrícolas (correção de solo, adubação, poda, controle de doenças, entre outras), além de técnicas de pós-colheita e processamento agroindustrial.