Atividade reúne os 196 agricultores familiares que participam do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG)
Há cinco anos, o casal Nadia e Ricardo Baesso, de Morro Chato, na cidade de Turvo (SC), decidiu investir na fruticultura orgânica e está obtendo bons resultados. Entre as variedades cultivadas estão pitaia, abacaxi, bergamota Montenegrina, bergamota Ponkan, goiaba Paloma, laranja Umbigo, laranja Champagne, bergamota Murcott e bergamota Okitsu. Em fase de produção, a pitaia rendeu em média 6 toneladas, o abacaxi, uma tonelada, as bergamotas Montenegrinas, 6 toneladas, e a goiaba, 100 kg.
O casal Baesso está entre os 196 produtores de sete grupos de Santa Catarina que participam do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), com foco em Fruticultura Orgânica, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), realizado em parceria com associações e Sindicatos Rurais.
“Ingressamos no projeto em outubro de 2020 e, com ATeG e orientação da agrônoma, que nos dá assistência, conseguimos melhorar em muitos aspectos como adubação, controle de pragas, manejo, poda e solo”, afirma Nadia, que ressalta o aumento da produtividade, plantas mais sadias e frutas mais bonitas. “Com isso, ganhamos um reconhecimento a mais no mercado.”
Vida Nova
Sediada no município de Timbé do Sul/SC, a Associação dos Agricultores Ecologistas Vida Nova (AAEVN), liderada por Pedro Eliseu de Araújo Generoso, conta com 56 associados em seis municípios da região do extremo sul do Estado. No começo do ano passado, a partir de algumas demandas internas para melhorar a produção de frutas e o gerenciamento das exigências legais para a produção orgânica, os representantes da entidade buscaram informações sobre o projeto de ATeG desenvolvido pelo Senar/SC.
Em setembro de 2020 o Senar/SC iniciou os trabalhos na primeira turma de ATeG Fruticultura no extremo sul do Estado em parceria com o Sindicato Rural de Timbé do Sul e AAEVN. O suporte técnico é conduzido pela engenheira agrônoma Lucinéia Vanzzetto e as ações são voltadas ao sistema orgânico de produção.
Fazem parte do grupo da ATeG Fruticultura Orgânica na região 56 propriedades nos municípios de Santa Rosa do Sul, Sombrio, Jacinto Machado, Turvo, Ermo e Timbé do Sul. O tamanho médio das propriedades é de 13 hectares, com cerca de 4,5 hectares de frutas cada. A maioria dos produtores faz parte da associação, que tem parceria com comércio varejista de frutas orgânicas. A entidade compra toda a produção oriunda das áreas orgânicas e comercializa em redes de mercados de Santa Catarina e Paraná.
A Associação articula também a certificação auditada pela Ecocert Brasil. As principais culturas trabalhadas atualmente na região por esse grupo de agricultores incluem banana prata, banana caturra, pitaia e citros. Porém, outras frutíferas têm potencial para o cultivo em sistema orgânico como o abacate, abacaxi, maracujá, melancia, entre outras.
Desempenho do setor
O presidente do Sistema Faesc/Senar-SC, José Zeferino Pedrozo, ressalta o desempenho da fruticultura no Estado citando dados da Epagri/Cepa (Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri), que apontam mais de 14 mil fruticultores no território catarinense.
“Somos o maior produtor de maçã do Brasil, o segundo maior produtor de pitaia e quarto produtor nacional de banana. A produção de frutas orgânicas vem conquistando cada vez mais espaço no mercado e, com iniciativas como a assistência técnica e gerencial, aliadas às atividades de outras entidades e de órgãos como a Epagri, certamente elevaremos cada vez mais o nível de qualidade da fruticultura do Estado”, enfatiza Pedrozo.
Conforme o último Levantamento de Dados sobre a Fruticultura Catarinense da Epagri, na safra 2017/2018, 13,5 mil produtores dos principais pomares do Estado superam 55,3 mil hectares e colheita de 1,5 milhão de toneladas, o equivalente a um valor bruto da produção (VBP) superior a R$1,0 bilhão.
Entre as variedades com produção em crescimento em Santa Catarina está a pitaia. Estudo da Epagri, da Cooperativa Agroindustrial Cooperja, de Jacinto Machado, e da Cooperativa de Agricultura Familiar e Artesanato do Vale do Araranguá (Coopervalesul), de Turvo, estima que, na safra 2020/2021, o Estado comercializou 1000 toneladas de pitaia, um crescimento de 60% em comparação à temporada anterior.
O engenheiro-agrônomo e extensionista rural da Epagri em Maracajá, Ricardo Martins, afirma que o volume comercializado consolida Santa Catarina como um dos principais polos produtores de pitaia no Brasil. “Estimativas preliminares apontam área de produção de 200 hectares e cerca de 150 famílias envolvidas com pitaia”, informa. O principal destino da fruta no mercado interno são as regiões Sul e Sudeste. Neste ano, parte da produção foi exportada para países da Europa e da América do Norte.