A intoxicação em cães e gatos é muito perigosa, podendo acometer o animalzinho de diversas maneiras: pela alimentação, pelo consumo acidental de produtos químicos, pela ingestão de medicamentos para humanos, que não são indicados para os pets, entre outras.
Quem tem animais de estimação em casa sabe o quanto eles são curiosos e querem cheirar tudo o que veem. Entretanto, muitas vezes, o faro deles pode falhar, fazendo com que comam algo não indicado, podendo desencadear uma intoxicação, avisa a médica veterinária Lívia Romeiro, do Vet Quality Hospital Veterinário, de São Paulo.
“É muito importante que o dono, bem como todas as pessoas que vivem na mesma casa que o pet, esteja sempre atento e tome algumas medidas preventivas, evitando que o animal sofra com qualquer tipo de intoxicação”, aconselha.
Situações mais comuns
Coordenadora de Novos Negócios da Total Alimentos, empresa nacional que atua no mercado brasileiro de pet food desde 1975, a médica veterinária Giovanna Rocha Nunes indica alguns casos de intoxicações mais comuns. No caso de cães e gatos, elas surgem, principalmente, por ingestão de medicamentos, plantas tóxicas, alimentos tóxicos e pesticidas domésticos.
“Na maioria das vezes, a intoxicação do pet ocorre de maneira acidental, por descuido ou imprudência do tutor ou de maneira criminosa, quando o animal é intencionalmente envenenado por um vizinho ou criminoso que deseja invadir a residência”, relata a especialista.
De olho nas plantas
Certas plantas ornamentais, comumente cultivadas em casa, podem parecer inofensivas para a maioria das pessoas, mas existem espécies que, quando são ingeridas, tornam-se tóxicas aos pets, segundo Giovanna. “O hábito de alguns cães e gatos, de ingerir plantas por curiosidade, brincadeira ou quando estão com algum tipo de mal-estar, pode acarretar riscos à saúde deles, levando-os até mesmo à morte”, alerta a veterinária.
“Lírio, bico-de-papagaio, azaleia, antúrio e comigo-ninguém-pode são algumas das plantas com as quais os tutores de pets devem redobrar o cuidado”, aponta. Ela também orienta: “quando há um pet no domicílio, o ideal é que o tutor pesquise se a planta é tóxica, quando ingerida, ou se traz algum tipo de risco à saúde do cão ou do gato, antes mesmo de comprá-la”.
A intoxicação do pet ocorre, na maioria dos casos, por descuido ou imprudência do tutor.
“Se o tutor está ciente de que seu pet irá conviver com plantas tóxicas no dia a dia, é importante que elas fiquem em um local de difícil acesso do cão ou gato, como forma de prevenir possíveis acidentes. Instale uma cerca ao redor do lugar onde ficam as plantas tóxicas ou coloque-as sobre um móvel alto. Essas medidas podem ser eficazes na prevenção de acidentes.”
Pesticidas domésticos
Intoxicações causadas por pesticidas domésticos também representam uma grande parte das emergências atendidas nas clínicas veterinárias.
“São considerados pesticidas todas as substâncias químicas utilizadas para controle de pragas (ervas daninhas, roedores, insetos etc.). Dentre os pesticidas, o conhecido ‘chumbinho’ é o principal vilão, quando o assunto é intoxicação aguda em pets”, relata a especialista da Total Alimentos.
“O chumbinho é um fracionamento do inseticida carbamato Aldicarb, um agrotóxico desviado do campo de maneira criminosa, para ser utilizado como raticida, mas que acaba se tornando um poderoso veneno nas mãos de tutores imprudentes ou pessoas mal intencionadas”.
Atenção com os produtos de limpeza
Como muitos animais ficam na área de serviço ou circulam ao longo do dia por este local, é comum que tenham fácil acesso aos produtos de limpeza da casa.
“Por isso, lembre-se sempre de guardar estes itens em armários e permanentemente certificar-se de que estejam bem fechados e fora do alcance do seu pet. Às vezes, produtos que consideramos rotineiros podem prejudicar – e muito – a saúde do seu bichinho”, lembra Lívia Romeiro, do Vet Quality Hospital Veterinário.
Ela recomenda que “quando for deixar algo de molho, em produtos de limpeza, cubra os baldes e bacias utilizados para isso e mantenha tudo no lugar mais alto possível em relação ao chão”.
Lívia ainda aconselha: “Caso você tenha lavado o piso com cloro, água sanitária, desinfetante ou outros produtos similares, que podem causar a intoxicação animal, jogue bastante água corrente no chão depois da aplicação.”
“Assim você garante que não sobre nenhum resíduo do produto – o que é importantíssimo –, já que o bichinho vai circular por ali e, depois, lamber as patinhas como de costume.”
Cuidado com os remédios
A médica veterinária diz que também não é recomendável dar remédios de humanos para o animal. “Pets possuem o organismo diferente do nosso e podem não suportar as dosagens e os compostos presentes nos medicamentos utilizados por nós.”
Não dê remédios de humanos para seu animal de estimação.
“Jamais dê analgésicos, anti-inflamatórios ou quaisquer tipos de remédios de humanos para seu animal de estimação, exceto com a prescrição de um veterinário”, reforça Lívia.
Ela também indica o cuidado de não deixar os medicamentos ao alcance dos pets mais curiosos. “As caixas podem ser uma diversão, mas a brincadeira pode resultar na ingestão acidental de produtos tóxicos”.
Engasgos
Quem nunca viu um cão ou um gato, aparentemente, engasgando com alguma coisa que ele comeu? “É importante ressaltar que não é comum um pet engasgar com algo que engoliu até porque, na maioria das vezes, ele mesmo consegue expelir o objeto preso. O engasgo só é de fato preocupante quando o objeto bloqueia a traqueia, dificultando ou impedindo a respiração”, alerta a médica veterinária Giovanna Nunes, da Total Alimentos.
Ela aponta alguns sinais de que o pet pode ter engasgado, tais como salivação excessiva, tosse, ânsia de vômito, dificuldades para respirar, gengivas azuladas ou esbranquiçadas, além de desmaio, quando a respiração é, de fato, obstruída.
“Quando o engasgo é constatado, o tutor deve ligar para o médico veterinário em busca de orientações. No entanto, já deve realizar, em paralelo, algumas manobras para salvar seu animal de estimação.”
Com a ajuda de outra pessoa, a primeira ação a ser feita é olhar dentro da boca do cão ou do gato, para visualizar o objeto que causa a obstrução.
“Deve-se evitar colocar os dedos na boca do pet para evitar mordidas e para não correr o risco de o objeto ser empurrado mais profundamente. Se o que provoca a obstrução for visualizado e tiver tamanho pequeno, use uma pinça ou um pequeno alicate para remover o objeto preso,” orienta Giovanna.
Mais manobras
Objetos grandes, como bolas de borracha, podem ser removidos pelo tutor por meio de uma pressão firme com os dois polegares, na entrada da garganta, abaixo da mandíbula. “O objetivo dessa manobra é projetar o objeto para frente (boca do animal),” explica a médica veterinária.
“Se nenhum dos procedimentos acima for eficaz, a melhor conduta é levar o pet a uma clínica veterinária, o mais rápido possível. Qualquer outra manobra, sem a orientação de um profissional, no momento em que o episódio de engasgo estiver ocorrendo, pode trazer riscos à saúde do animal, como causar um trauma no tórax, por exemplo”, orienta a especialista da Total Alimentos.
Fontes: Vet Quality Hospital Veterinário, Total Alimentos