Saiba mais sobre a ferrugem no cafeeiro e as formas de manejo
A ferrugem (Hemileia vastatrix) é uma das principais doenças do café e pode causar perdas quantitativas e qualitativas nas lavouras, comprometendo o bom período vivido pela commodity. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações brasileiras alcançaram, no primeiro trimestre do ano, US$ 1,8 bilhões, 61% a mais do que o valor obtido no mesmo período de 2010.
Confira na entrevista abaixo, com o Professor Edson Pozza, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), os danos causados pela ferrugem na cultura do café e o que o produtor pode fazer para que sua lavoura não seja danificada.
Que tipo de perdas a ferrugem pode causar?
A ferrugem (Hemileia vastatrix) pode causar perdas quantitativas e qualitativas. Em relação à produtividade pode causar redução de até 50% em safras posteriores a sua ocorrência, caso não seja controlada de maneira correta. A perda na qualidade também ocorre na bebida, fazendo com que o produto seja comercializado a valores inferiores.
Quais os principais sintomas?
Os sintomas da doença são imperceptíveis a olho nu. É preciso muita experiência para diferenciá-los de outros problemas fitossanitários. O produtor deve estar atento aos sinais que a doença apresenta. O principal deles é a presença de pústulas de coloração amarelo-alaranjada na parte de baixo das folhas, decorrente da esporulação do fungo, que somente ocorre na fase final da doença. Sendo assim, o seu controle deve ser preventivo, pois poucos sinais podem corresponder a diversas folhas já infectadas. A doença causa a queda precoce das folhas e a seca de ramos produtivos, o que pode refletir na quantidade de botões florais e consequentemente na produtividade da safra futura.
Qual o período de maior incidência da doença?
Os meses de novembro a janeiro, período mais chuvoso, marcam o início da infecção das plantas por Hemileia vastatrix. Nesse período o nível de controle é de 5% das folhas com a doença. A ferrugem vai se expressar com maior intensidade nos meses de maio a julho, período em que o cafeeiro completou o enchimento de grãos.
O que o produtor deve fazer para que sua lavoura não seja afetada? E se já houver incidência da doença, como deve proceder?
O controle deve ser preventivo e seguido de monitoramento constante, mesmo após as pulverizações. Nesse monitoramento também devem ser avaliadas outras doenças e pragas. É importante que o produtor tenha consciência de que o manejo depende de vários fatores. A frequência e a intensidade com que as doenças ocorrem na lavoura são relacionadas às características como resistência e característica dos cultivares, disponibilidade de água, fertilidade do solo, nutrição da planta, temperatura, espaçamento, tipo de irrigação, entre outras. Esses fatores resultam em um determinado crescimento e produtividade da lavoura que também irá afetar a doença e seu controle e devem ser considerados para a prática de um manejo adequado, que é o caminho mais seguro para viabilizar o desenvolvimento e a obtenção do maior potencial produtivo do cafezal. Sendo assim, as diversas lavouras de uma propriedade terão manejos diferenciados, mesmo ao longo dos anos. O objetivo é otimizar os recursos disponíveis e assim o produtor obter maior lucro.
Tanto nas pulverizações preventivas quanto naquelas determinadas devido ao nível de controle de 5%, o produtor deve contar com o apoio e a consultoria de um engenheiro agrônomo. Ele poderá indicar o fungicida mais adequado para cada situação e recomendar a melhor forma de aplicação, no momento e na dose certa, de maneira tratar a lavoura de forma correta e sustentável.