De acordo com os dados de maio deste ano da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil teve uma safra recorde em 2011/12, tendo plantado cerca de 15 milhões de hectares e espera uma produção superior a 69 milhões de toneladas de milho, embora tenha ocorrido quebra na produtividade da primeira safra nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e nos estados do Nordeste, causada pela forte estiagem.
Em quase todas as regiões brasileiras existem produtores que já obtiveram rendimentos superiores a 200 sacos/ha de milho, não sendo raros aqueles que produzem mais de 14 t/ha. Entretanto, a média brasileira é bem inferior (4.600 kg/ ha), demonstrando uma grande diferença entre os sistemas de produção em uso.
Produtividades médias
De acordo com estimativa de safra da Conab de julho de 2012, já temos produtividades médias de 8.000 kg/ha na safra no estado de Goiás e mais de 5.000 kg/ha na segunda safra ou safrinha como, por exemplo, em Goiás (5.649 kg/ha) e no Paraná (5.090 kg/ha).
Em levantamento realizado por pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo foi verificado que dentre 1.095 lavouras, 326 apresentaram rendimento superior a 12,0 t/ha (200 sacos/ha), sendo que a maior produtividade foi de 16,53 t/ha.
As mudanças que vêm ocorrendo nos sistemas de produção de milho no País comprovam a profissionalização dos produtores, associadas ao papel cada vez mais importante de técnicos, consultores e extensionistas da rede pública e, especialmente, da rede privada, por meio da assistência técnica e do maior fluxo de informações. Além disso, várias tecnologias ligadas à cultura foram ou ainda estão sendo implementadas no agronegócio brasileiro.
Embora seja constatada uma grande evolução no nível tecnológico na produção de milho no Brasil, a maximização da produtividade só tem sentido quando associada à otimização do uso de insumos, sustentabilidade e maior rentabilidade. Por outro lado, é comum verificar situações onde a quantidade de fertilizantes, especialmente o fósforo e o potássio, são aplicados acima da quantidade técnica recomendada. Também é comum o uso excessivo de inseticidas e fungicidas, onerando o custo de produção e comprometendo a saúde do produtor e o meio ambiente. Máximas produtividades devem ser obtidas com eficiência. Não basta simplesmente o aumento no uso de insumos, mas sim a sua utilização de forma racional e balanceada, explorando o sinergismo entre as diferentes tecnologias.
Ambiente produtivo
Um fator comum entre os agricultores detentores de recordes de produtividade no mundo é sua habilidade em identificar e manter um ambiente altamente produtivo no solo. Áreas de alta produtividade têm em comum o manejo que prioriza a produção de material orgânico, solos com maior teor de matéria orgânica e boa qualidade operacional de todas as atividades. O produtor deverá procurar sempre aumentar o potencial produtivo de sua lavoura por meio de técnicas como o sistema de plantio direto, adequado programa de rotação e sucessão de culturas — envolvendo, inclusive, o consórcio de milho com forrageiras (integração lavoura-pecuária), visando ao manejo conservacionista do solo e da água e à preservação do meio ambiente.
Em sistemas envolvendo rotação e/ou sucessão de culturas, o produtor deverá conhecer as peculiaridades de cada cultura. Na adubação e na correção do solo, deverá levar em consideração o sistema como um todo, e não apenas uma cultura isoladamente.
Confirmando tais afirmativas, um levantamento realizado pela Embrapa revelou que nas lavouras com rendimentos superiores a 8.000 kg/ha ocorrem a predominância (91%) do uso do sistema de semeadura direta e da rotação de cultura do milho com a soja. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, essa percentagem sobe para 99%.
Sementes
Na safra passada (2011/12) mais de 70% das sementes, plantadas tanto na safra (72%) como na safrinha (78%), foram de híbridos simples de alto potencial genético. Na safra atual, esses percentuais não serão inferiores, pois estão sendo disponibilizadas 263 cultivares convencionais e 216 cultivares transgênicas, com grande predominância de híbridos simples (60,96%) e triplos (21,50 %), de maior potencial. Conclui-se, então, que é fundamental a utilização de um sistema de produção com nível tecnológico adequado para que essas sementes possam mostrar o seu potencial produtivo e o agricultor obtenha, assim, maior lucro. Várias informações são fornecidas para cada cultivar e o produtor deverá estar atento a elas, especialmente àquelas referentes à região de adaptação, ao comportamento em relação às principais doenças, à época de plantio (cedo, normal, safrinha), à finalidade de uso (grãos, silagem) e com relação às densidades de plantio recomendadas.
Tecnologias
Dentre as tecnologias ligadas à cultura do milho implementadas, ou ainda em implementação no agronegócio brasileiro, destacam-se:
- A utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples e triplos), transgênicas para o controle de lagartas e, mais recentemente, transgênicas que conferem resistência ao herbicida glifosato e ao glufosinato de amônio;
- espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio, permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de permitir uma otimização das plantadoras;
- melhoria na qualidade das sementes que associada ao tratamento de sementes – especialmente o tratamento industrial – e máquinas e equipamentos de melhor qualidade, têm permitido que as plantas emergidas apresentem maior índice de sobrevivência e melhor desenvolvimento do plantio à colheita, expressando melhor seu potencial genético;
- controle químico de doenças em regiões com maior severidade de ocorrência;
- correção do solo baseando-se em análise e levando em consideração o sistema e não a cultura individualmente.
Além disso, deve ser enfatizada a utilização de tecnologias como o sistema de plantio direto, integração lavoura-pecuária, agricultura de precisão e melhores técnicas de irrigação, que têm permitido uma melhoria do potencial produtivo das lavouras.
Rendimento possível
Rendimentos iguais ou superiores a 15,0 t/ha não são mais utopia e sim um rendimento possível de ser alcançado, pelo menos em algumas regiões que possuam condições edafoclimáticas favoráveis.
Não basta simplesmente o aumento no uso de insumos, mas a sua utilização de forma racional e balanceada, explorando o sinergismo entre as diferentes tecnologias.
Ao invés de sistemas de menor custo por área plantada, a eficiência está em sistemas que proporcionam maior produtividade para uma dada utilização de recursos financeiros.
Isso consiste no melhor gerenciamento dos gastos, sendo estes utilizados em insumos que realmente limitam a produtividade e também no melhor gerenciamento das tecnologias componentes dos sistemas de produção.
Material orgânico
Áreas de alta produtividade têm em comum o manejo que prioriza a produção de material orgânico, solos com maior teor de matéria orgânica e boa qualidade operacional de todas as atividades. Isto é, altas produtividades serão obtidas em solos de altas produtividades;
portanto, dentro dos conceitos modernos de agricultura, altas produtividades, de forma eficiente, estão intimamente associadas à alta sustentabilidade.