Cuidados de pré e pós-colheita definem qualidade de bebida do café
A qualidade de bebida do café é definida levando em consideração as preferências das pessoas de culturas diferentes, ou seja, o padrão de bebida exigido pelo consumidor. As técnicas de pré e pós-colheita influenciam na qualidade da bebida. A pré-colheita envolve todo o cuidado que o produtor deve ter com a planta de café: “engloba a capina para evitar competição com plantas daninhas, o manejo do café quanto a poda e adubação, além de cuidados para que a planta não sofra estresse hídrico e nutricional”, explica o pesquisador da Embrapa Rondônia, Enrique Alves.
Sobre a pós-colheita, o pesquisador observa que ela envolve os cuidados para a manutenção da qualidade do fruto do café, ou seja, o que os produtores e os demais membros da cadeia produtiva precisam fazer para preservar a qualidade, seguindo as recomendações técnicas. Algumas delas são: a colheita feita com 80% dos frutos em estágio cereja; secagem do fruto o quanto antes para evitar fermentação; e o processamento e armazenamento de forma a preservar as características químicas e físicas dos grãos.
Mecanização
De acordo com Enrique, “tanto o produtor que colhe o café de forma manual, quanto o que realiza a colheita mecanizada, podem produzir um café de qualidade”. Entretanto, o pesquisador ressalta que a mecanização pode evitar perda na qualidade. Isso ocorre porque o produtor que tem áreas maiores, por exemplo, não consegue colher o produto no momento ideal, frequentemente por não contar com mão de obra suficiente. “Isso acaba levando-o a colher o grão verde ou num estágio que já passou do ponto de maturação (passa e seco), prejudicando a qualidade do café”, informa.
A adoção de um sistema mecanizado permite que a colheita seja feita na época certa e de forma rápida, com a grande maioria dos frutos da lavoura no estágio ideal de maturação, ou seja, o cereja.
Conservação
“O produtor tem muito trabalho com a colheita do café para correr o risco de perder tudo durante o processamento do fruto e a extração do grão”, destaca o pesquisador da Embrapa. Segundo ele, algumas dicas para evitar o problema são: não colher o fruto ainda verde, pois ele ainda não apresenta as características químicas ideais; passar o café pelo lavador para retirar as impurezas, e separar os frutos melhores dos malformados; descascar ou “despolpar” o café antes da secagem, porque assim o processo é acelerado, evitando-se a fermentação.
Depois de o café ser despolpado, a secagem pode ser realizada no terreiro ou mecanicamente no secador. A secagem deve atingir até 12% de umidade no fruto, que é o indicado na norma de armazenamento. Para realizar a secagem, devem ser respeitados o tempo de descanso e a temperatura. Além disso, o procedimento precisa ser, preferencialmente, realizado com fogo indireto para evitar fuligens que podem prejudicar o sabor da bebida do café, deixando um gosto remanescente de fumaça ou queimado.
Depois da secagem, outro fator importante é o armazenamento. São recomendados sacos permeáveis para permitir a troca de ar. O ideal é que o armazenamento seja feito em ambiente livre de umidade (evitando o contato com o chão), e protegido do sol. “A finalidade é manter a qualidade do café até o momento da venda”, finaliza o pesquisador.
1ª cultivar para Rondônia
Recomendada para Rondônia – segundo produtor de café conilon do Brasil – a cultivar de café Conilon BRS Ouro Preto (Coffea canephora Pierre ex Froehner) foi obtida pela seleção de cafeeiros com características adequadas às lavouras comerciais do estado e adaptada ao clima e ao solo da região. Foi desenvolvida pela Embrapa Rondônia em parceria com o Consórcio Pesquisa Café. Sua denominação é uma homenagem ao município de Ouro Preto do Oeste, centro pioneiro da colonização oficial do antigo território de Rondônia.
Características da Ouro Preto
A Conilon BRS Ouro Preto é uma cultivar clonal, composta de 15 clones, com ciclo de maturação intermediária, tolerantes aos principais estresses climáticos observados nos polos de cafeicultura em Rondônia: alta temperatura, elevada umidade do ar e deficit hídrico moderado. Destina-se a cafeicultores que utilizam tecnologia recomendada para o cultivo, incluindo calagem, adubação química, poda de condução, controle de pragas, doenças e plantas daninhas. A nova cultivar é indicada para o cultivo em sequeiro ou com irrigação.
Com manejo adequado, apresenta potencial de produtividade de 70 sacas beneficiadas por hectare em lavouras de sequeiro. Possui grãos com maior uniformidade de maturação e peneira média acima de 14. Apresenta rendimento no beneficiamento acima de 52%. A Conilon BRS Ouro Preto tem potencial para aumentar a produtividade da cafeicultura em Rondônia, contribuindo para a sustentabilidade econômica e social de mais de 40 mil pequenas propriedades rurais cafeicultoras no estado.