O impacto do uso da tecnologia para alavancar negócios, sobretudo no setor agrícola, chamou a atenção dos participantes de um recente workshop sobre Bioeconomia realizado em Nuremberg, na Alemanha.
O evento antecedeu a abertura da Biofach 2018, considerada a maior feira do mercado de orgânicos do mundo.
Durante o encontro, a coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner, falou sobre o impacto da tecnologia no redimensionamento da agricultura brasileira.
Ela destacou o potencial do agro no Brasil e citou exemplos de iniciativas nacionais que seguem os parâmetros da chamada bioeconomia – segmento da economia que promove o uso sustentável e inovador de recursos renováveis para fornecer alimentos e produtos industriais com valor agregado.
Álcool e agricultura de precisão
“O público se surpreendeu com as estatísticas que mostram o quanto o Brasil depende do agronegócio”, comentou a coordenadora do CI Orgânicos.
Na ocasião, ela ressaltou programas como o Proalcool, “resultado de uma eficiente indústria açucareira e de etanol”, e disse que o Brasil “é um dos únicos países do mundo a ter uma grande frota de carros “flex fuel”, com postos de gasolina que comercializam etanol e gasolina, dando opção para que o consumidor decida que combustível vai usar”.
Sylvia também debateu sobre o impacto da agricultura de precisão na redução dos custos de produção, na melhoria da gestão dos insumos químicos e no incremento na produtividade.
“Sua aplicação é mais eficiente, em resposta às condições apresentadas na fazenda e/ou nas áreas que requerem intervenção”, explicou a coordenadora, acrescentando que a técnica é favorecida pelo uso de mapas, sensores agronômicos, GPS e máquinas conectadas.
Bioinsumos e IoT
A palestrante destacou ainda a utilização dos bioinsumos, que reduzem a aplicação de herbicidas e pesticidas; abordou a importância do manejo integrado de pragas e do controle biológico nos cultivos; e ressaltou a necessidade de captação de informações do campo para a construção de um banco de dados com posterior análise e encaminhamento de ações.
Nesse aspecto, Sylvia citou as vantagens da Internet das Coisas (IoT) – sistema que envolve objetos físicos, veículos, prédios, entre outros, com tecnologia embarcada, sensores e conexão de rede capaz de coletar e transmitir dados.
Transparência
Por fim, a coordenadora do CI Orgânicos tratou do impacto da tecnologia Blockchain, que permite a criação de plataformas de fornecimento (supply chain) para reduzir a presença de intermediários.
“A transparência no fornecimento vai reduzir a necessidade de utilização de certificadoras para atestar a validade dos produtos. É a gestão imediata das cadeias de fornecimento, que serão transparentes e abertas”, estimou Sylvia.
Agtechs
Ela afirmou ainda que as startups e os empreendedores estão mudando o cenário do agribusiness no Brasil e no mundo.
“As agtechs brasileiras são uma nova oportunidade de investimento”, frisou, acrescentando que esses inovadores empreendimentos utilizam desde drones e sensores remotos nos cultivos a aplicações em nuvem, programas de gestão e fertilização, imagens por satélite e inteligência artificial.
Ao final da palestra, a coordenadora do CI Orgânicos fez uma referência à Michael Porter, professor da Universidade de Harvard, e afirmou que, possivelmente, “os sistemas abertos das organizações podem servir como vantagem competitiva”.