Aquisição definitiva da WholeFoods, maior cadeia varejista de alimentos orgânicos e naturais dos EUA, pela Amazon, pode ocorrer até o final deste ano
Empresa transnacional de comércio eletrônico dos Estados Unidos, a Amazon anunciou, no último dia 16 de junho, um acordo definitivo para a aquisição da WholeFoods Market, maior cadeia varejista de alimentos orgânicos e naturais do país.
Para ser concluído, o negócio – avaliado em mais de US$ 13 bilhões, incluindo a dívida líquida da empresa – ainda precisa ser aprovado pelos acionistas, dependendo também da aprovação de órgãos regulatórios norte-americanos. Espera-se que tudo isso seja finalizado até o final deste ano.
Apesar da venda, pouco deve mudar para a WholeFoods Market, que continuará a operar suas lojas, mantendo o mesmo nome, além de sua rede de fornecedores e parceiros. Co-fundador da empresa, John Mackey permanecerá no cargo de presidente.
Professores da Harvard Business School, Jose Alvarez e LenSchlesinger – respectivamente, CEO da varejista Stop & Shop e vice-presidente executivo/COO do restaurante Au Bon Pain – analisam o negócio.
Logística de entrega
Com aproximadamente 20 anos de experiência na indústria de supermercados, Alvarez acredita que, se for bem executada, essa junção, que dará a Amazon mais de 400 locais físicos estratégicos, pode representar um grande negócio para a empresa, permitindo a redução da logística da entrega de alimentos, o maior obstáculo do e-commerce nos EUA.
Ele destaca que a Amazon também poderá usar as lojas da rede WholeFoods como experiência para futuras inovações como, por exemplo, a AmazonGo, tecnologia que possibilita a existência de estabelecimentos comerciais sem caixas, com pagamento feito através do smartphone.
Preços mais acessíveis
Na visão de LenSchlesinger, COO do restaurante Au Bon Pain, desde a criação da Amazon, seu fundador e CEO, Jeff Bezos, vem expressando seu desejo de vender “de tudo, para todos, em todos os lugares”.
Schlesinger acredita que a Amazon vai trabalhar para melhorar os preços dos produtos já vendidos na WholeFoods, atraindo novos clientes que, antes, não compravam nos supermercados da rede pelo elevado valor dos produtos.
Atualmente, ressalta o COO do Au Bon Pain, os varejistas estão descobrindo o poder de canais físicos e virtuais, que interagem perfeitamente, oferecendo apoio aos clientes. A proposta de aquisição da WholeFoods torna evidente essa tendência, fornecendo ótimas oportunidades para a experimentação e execução do varejo integrado.
“O casamento de uma plataforma tecnológica como a Amazon, com um varejista de alimentos orgânicos e naturais, como a WholeFoods, deve ampliar o universo dos compradores e mudar a forma de distribuição dos alimentos”, avalia Sylvia Wachsner, coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Mercado
Para Jeff Church, CEO e co-fundador da Suja Juice, o mercado de orgânicos tem crescido consideravelmente e essa aquisição apenas valida o orgânico como o futuro dos alimentos, ajudando a tornar esse cenário cada vez mais sólido. Ele explica que, nos EUA, apenas uma pequena porcentagem das vendas de alimentos é de orgânicos, no entanto, mais de 45% da população de seu país tenta incluir esses produtos em seus hábitos alimentares.
Por outro lado, para o CEO e fundador da Nutiva, John Roulac, a aquisição da WholeFoods pela Amazon é vista com preocupação: “Para as marcas orgânicas, o acordo terá altos e baixos. A consolidação da indústria coloca mais poder nas mãos de um gigante bastante forte, que combina comércio eletrônico e varejo. Será um concorrente grandioso”.
Tradução e adaptação feita por Jéssica Silvano, estagiária do CI Orgânicos/OrganicsNet/SNA
Fontes: Harvard Business School Living Maxwell