Pesquisadores informatizam análises de risco de pragas associadas às principais culturas de interesse do agronegócio brasileiro
Um sistema integrado de banco de dados desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária para o Departamento de Sanidade Vegetal (DSV), da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), busca facilitar os processos de análises de risco de pragas que atacam os produtos vegetais. O BD Pragas e o WikiPragas gerenciam os dados levantados, em nível mundial, das pragas associadas às principais culturas de interesse do agronegócio brasileiro.
A importação de produtos vegetais — que são potenciais disseminadores de pragas — é normatizada pela Convenção Internacional de Proteção dos Vegetais (CIPV), a qual está vinculada ao Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (SPS, sigla em inglês) da Organização Mundial do Comércio (OMC). As Análises de Risco de Pragas (ARP) são procedimentos legais aprovados por todos os países integrantes da CIPV, e nacionalmente executadas pela Organização Nacional de Proteção Fitossanitária do País.
Pragas exóticas
Os objetivos são conhecer o risco de introdução de pragas perigosas associado à importação de produtos vegetais e indicar medidas para baixar o risco a um patamar aceitável, considerando o nível adequado de segurança adotado pelo País. Essa ação é importante para impedir a entrada de pragas exóticas que podem causar prejuízos econômicos e comprometer a sanidade de algum produto vegetal cultivado em território brasileiro, além de favorecer a conquista de novos mercados.
O aumento das transações do comércio exterior provocou grande demanda por essas análises, diz o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Carlos Meira, um dos desenvolvedores do sistema. Assim, o gerenciamento informatizado dos dados visa agilizar a elaboração das ARP, além de facilitar a atualização e a consulta das informações. Ele explica que quando se importa um produto vegetal pela primeira vez, ou de um novo local, é necessário identificar todas as pragas que atacam aquele produto e as que ocorrem no país de origem.
Rápidas decisões
De acordo com o chefe da Divisão de Análise de Risco de Pragas do DSV, Jefé Leão Ribeiro, o levantamento das informações sobre as pragas é a etapa mais demorada e representa cerca de 90% do trabalho de um processo de análise de risco de pragas. Por isso, com as informações organizadas, o sistema permitirá que sejam tomadas decisões de forma mais ágil. “Essa base de dados está sendo expandida com o trabalho da equipe do DSV. A nossa expectativa é ter um banco bem robusto que possibilite a rápida tomada de decisão”, complementa.
O BD-Pragas gerencia dados de catalogação, tais como nome científico da praga, hospedeiros, países em que ocorre e partes vegetais afetadas. Já o WikiPragas é um módulo que integra o sistema e possui fichas detalhadas das pragas com potencial quarentenário, incluindo aspectos da biologia, inspeção e detecção, impactos e medidas de controle e mitigação. Estão catalogadas cerca de 3.300 pragas e mais de 400 dessas possuem fichas.
Trabalho coletivo
O wiki usa uma ferramenta de edição chamada MediaWiki, a mesma da enciclopédia de conteúdo colaborativo Wikipedia, e permite o trabalho coletivo entre os agentes e pesquisadores ligados à área de proteção fitossanitária no País. “Ele possibilita a contribuição de várias pessoas e evita a duplicidade de esforços”, afirma o pesquisador Carlos Meira. As informações são organizadas em categorias e podem ser consultadas de diversas formas, como grupos de pragas que atacam as espécies frutíferas, poáceas, ornamentais, leguminosas e oleaginosas, sinonímias, presença no Brasil, entre outras.
O projeto recebeu auxílio financeiro do Fundo Setorial do Agronegócio — CT – Agro, que repassou os recursos por meio do CNPq, o qual também apoiou outras instituições públicas nacionais que integraram uma Rede de Análise de Riscos de Pragas, voltada ao levantamento de informações de pragas por grupo de cultura. A coordenação foi da Embrapa Informática Agropecuária, com apoio a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), a Universidade de Brasília (UnB), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).