Bezerros recém-nascidos demandam grande atenção no manejo sanitário
A cria é uma etapa crucial na pecuária de corte. Afinal, as vacas devem parir um bezerro por ano, que precisa crescer e ganhar o máximo de peso até o desmame. Em grande parte, o sucesso desse processo determina o resultado positivo ou negativo de uma propriedade. O manejo correto do bezerro ganha ainda mais importância quando se verifica que as taxas de mortalidade na primeira fase da vida dos bovinos giram em torno de 6% a 12%.
Segundo Roulber Silva, coordenador de Serviços Técnicos de Ruminantes da Merial Saúde Animal, os pecuaristas devem dar muita atenção ao bem-estar dos bezerros e das vacas. Na verdade, essa preocupação começa antes do nascimento, com áreas específicas para as vacas e novilhas parirem.
“O ideal é que a fazenda tenha pastos onde as vacas e novilhas irão parir (piquetes maternidade). Também é importante que as áreas das novilhas separadas dos espaços reservados para as vacas para evitar o abandono das crias, que ocorre especialmente no caso das primíparas”, ressalta médico veterinário. Além disso, a observação destas áreas no período das parições deverá ser diária. Por isso, elas devem ser de fácil acesso. é preciso também cuidar do excesso de lama e fezes, pois tais condições favorecem a infecção do umbigo, a contaminação dos tetos das vacas e as infecções uterinas pós-parto.
O coordenador da Merial lista os cuidados básicos para a saúde dos bezerros recém-nascidos:
- Assegurar a mamada do colostro (colostragem): Para que os bezerros recém-nascidos recebam proteção contra as principais doenças do meio onde vivem, nos primeiros dias de vida, é fundamental a “‘mamada do colostro” em até duas horas após o nascimento. As vacas recém-paridas e suas crias devem ser observadas, prestando atenção aos tetos e úbere das vacas e ao “vazio” dos bezerros. Vacas com tetos murchos e úbere vazio evidenciam já ter sido “mamadas”. Bezerros com “vazios” fundos demonstram que não mamaram adequadamente o colostro. Nesse caso, a vaca deverá ser levada ao curral, onde será devidamente contida para, então, colocar o bezerro para mamar.
- Desinfecção e cura do umbigo: Deve ser realizada no dia do nascimento do bezerro. Essa prática evita que o umbigo seja porta de entrada de agentes que podem causar diversos tipos de infecções nos bezerros, além de prevenir a instalação de bicheira (miíase) no umbigo.
Geralmente, emprega-se solução de iodo a 10% ou mesmo produtos que possuam ação antimicrobiana e contra bicheiras. O corte do coto umbilical só deverá ser realizado caso o mesmo seja muito comprido, sendo que o comprimento para o corte é de cerca de 4 cm (dois dedos) a partir da pele que inicia o coto umbilical. No caso de uso de solução iodada, o coto umbilical deverá ser mergulhado, usando-se frasco plástico ou de vidro com boca larga.
Outro método eficiente para este manejo é a aplicação, no umbigo, de produtos mata-bicheiras à base de fipronil que também tenham ação antimicrobiana e cicatrizante, pois o umbigo mal curado é altamente atrativo para moscas varejeiras (mosca da bicheira). Assim, a realização da cura do umbigo apenas uma vez — como é frequentemente feito nas fazendas de cria do gado de corte — pode não promover boa proteção contra a instalação de bicheiras no umbigo dos animais.
Uma prática com excelentes resultados preventivos é a aplicação de 1 ml de produtos à base de Ivermectina a 1% quando a cura do umbigo for realizada. Quando houver bicheira no umbigo, deve-se também verificar a boca dos animais, pois os mesmos poderão ter bicheiras nas gengivas. Isso ocorre, pois os bezerros geralmente lambem as regiões do corpo afetadas pela bicheira e, com isso, podem carregar ovos e larvas desse parasita para a boca. No tratamento das bicheiras instaladas, a aplicação de um mata-bicheira com ação cicatrizante mostra ótimos resultados.
Como fazer a identificação do bezerro
- Identificação: No momento da cura e desinfecção do umbigo dos bezerros, os mesmos deverão ser identificados e pesados. A identificação pode ser realizada de diversas maneiras, como tatuagem, por brincos ou picote nas orelhas, por exemplo. Após a identificação, o número e o sexo do bezerro (a), o número da vaca (mãe) e, se possível, o peso vivo da cria, deverão ser anotados. A identificação dos animais é fundamental para avaliações de seu desempenho, além de informações referentes aos pais dos mesmos.
Após a identificação, os animais precisam receber produtos preventivos contra bicheira. A aplicação local de mata-bicheiras à base de fipronil, juntamente com a Ivermectina 1% via subcutânea, são ótimas opções. Mesmo que sejam realizados os tratamentos preventivos contra bicheira logo após a identificação dos animais, os mesmos precisam ser periodicamente observados, especialmente nos períodos chuvosos. Caso haja algum sinal de bicheira, a mesma deve ser convenientemente tratada.