Manejo adequado da pastagem e suplementação da alimentação são ações simples, que trazem grande benefício ao pecuarista
Há cada 10 segundos, cerca de três toneladas de carne bovina são produzidas no Brasil, o que dá uma boa ideia da sua relevância para o país. Somos o maior exportador de carne bovina, atendendo a quase 150 países. Para 2014, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) projeta como meta faturar US$ 8 bilhões em exportações com a carne bovina.
Apesar do seu gigantismo, nossos índices produtivos médios estão muito abaixo do potencial. Há vários motivos para isso, mas o super-pastejo, ou seja, o uso de mais animais do que a pastagem suporta, aparece em destaque. O resultado é pasto degradado, sem condições de sustentar uma produção bovina com retorno econômico. Hoje, considera-se que mais da metade das nossas pastagens tenham algum grau de degradação.
Régua de manejo
Para um problema tão complexo, eis que um equipamento extremamente simples e de fácil uso pode contribuir enormemente para sua solução. É a régua de manejo que serve como referência para as alturas máximas e mínimas indicadas para pastejo dos principais capins utilizados no Brasil. Maiores informações sobre ela e em que altura os capins devem ser manejados podem ser obtidas em http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf. A disseminação do seu uso pode ser um bom antídoto contra o super-pastejo, que é o primeiro passo para uma pecuária de sucesso no Brasil.
Misturas minerais
Outra característica marcante da pecuária brasileira é o fornecimento — à vontade — de misturas minerais nas pastagens, da qual poucos produtores duvidam dos benefícios. Com relação à ela, a maior preocupação deve ser quanto ao consumo dos suplementos. Valores médios de consumo, nem que sejam apenas do cálculo decorrente da divisão da diferença de estoque (estoque inicial — estoque atual) pelo número de animais e pelos dias que este estoque serviu a eles, são de grande valia. Se o valor obtido desta conta for menor que a recomendação de uso, é preciso estimular o consumo. No caso de ser superior, se a diferença for pequena, menos mal, pois o maior prejuízo é quando ocorre deficiência dos minerais. É melhor sobrar do que faltar, pois a deficiência limita o desempenho do animal e reduz o retorno do investimento na suplementação. Se o consumo estiver muito superior, pode-se limitar o fornecimento.
Nossa produção bovina quase que exclusivamente em pastagens, nos dá uma grande vantagem, mas, considerando que grande parte do território, onde se concentra o rebanho brasileiro, possui uma época de seca bem definida, manter apenas com pasto e sal mineral é sinônimo de perda de peso na seca e avançada idade de abate. Felizmente, as técnicas de suplementação na seca estão bem evoluídas e há opções para variadas intensidades de investimento. O sal com ureia é a porta de entrada, com menor desembolso e, consequentemente, com resultado mais modesto: manutenção de peso.
Proteinados e semi-confinamento
Os proteinados, que são misturas múltiplas contendo os minerais, ureia e ingredientes concentrados em proteína e energia, são de maior investimento (Consumo: 1 a 2 gramas/ kg peso), mas que resultam em ganhos de cerca de 300 g/cabeça, com ótima relação de benefício/custo. Por fim, para aqueles que pretendem maiores ganhos, temos o semi-confinamento. Quando 10 g de suplemento para cada quilograma de peso, ou mais, são usados para ganhos próximos a 1 kg/cabeça/dia. Este tipo de suplementação é, geralmente, usado para terminação.
Ajuste de lotação das pastagens, mineralização nas águas e suplementação estratégica na seca são atitudes sem grandes complicações, mas que podem trazer grande benefício para o pecuarista. Antes de pensar em qualquer outra tecnologia e investimento, vale à pena dar uma revisada a quantas andam esses fundamentos na propriedade.