Novas aveias BRS Centauro e BRS Madrugada, se destacam por serem ótimas opções para cobertura de solo, plantio direto, produção de forragem, entre outros empregos
A produção brasileira de carne e de leite tem como base alimentar o fornecimento de forragem, diretamente em pastagens cultivadas ou naturais, altamente dependente da sazonalidade climática e temporal, ou conservada na forma de silagem ou feno.
Nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, na safra de 2013/14, foram colhidos 19,4 milhões de hectares para produção de grãos. Desse total, 3,94 milhões de hectares foram usados com milho e 10,56 milhões com soja, totalizando 14,5 milhões de hectares com esses dois cultivos de verão. Naquela mesma safra, apenas 1,9 milhão de hectares foi cultivado com culturas de inverno para produção de grãos (IBGE, 2014).
Seguindo um simples raciocínio de que, normalmente as terras usadas no verão poderiam, ou deveriam, ser usadas no inverno, 12,6 milhões de hectares não foram usados para a produção de grãos de aveia, cevada, centeio, trigo ou triticale.
Forragem
Entretanto, por não existirem estatísticas oficiais, é possível que cinco milhões de hectares sejam cultivados com aveia preta (Avena strigosa Schreb.) e azevém (Lolium multiflorum Lam.), objetivando cobertura de solo ou pastagem.
Estima-se que haja ainda disponíveis 7,5 milhões de hectares, que poderiam ser usados para atender às necessidades alimentares em forragem, para a produção de carne e de leite, através de tecnologias geradas pelos preceitos da integração lavoura-pecuária, com o uso de mais cultivares forrageiras de inverno, como as aveias e outros cereais, aliando a oportunidade à necessidade do agronegócio.
Pecuária de leite e corte
Reconhecendo a importância da aveia na manutenção do sistema plantio direto na palha e na sustentabilidade da pecuária de leite e de corte, a Embrapa reiniciou os trabalhos de pesquisa, através da introdução de vários materiais em 1996. Foram, então, produzidas as cultivares de aveia BRS Centauro, em 2012 e BRS Madrugada, em 2013, ambas da espécie Avena brevis Roth. As duas variedades foram desenvolvidas para substituir, com larga vantagem, as populações de aveia comum, utilizadas pelos agricultores.
De acordo com a União Internacional para Proteção das Obtenções Vegetais (UPOV), organismo internacional que regula o lançamento de novas cultivares, BRS Centauro e BRS Madrugada foram as primeiras cultivares protegidas de Avena brevis no mundo, representando um marco histórico para o Brasil e para a Embrapa.
Para desenvolvimento e transferência destas tecnologias, a Embrapa contou com a parceria da Associação Sul-Brasileira de Fomento à Pesquisa de Forrageiras (Sulpasto) formada por agricultores e produtores de sementes de forrageiras.
Destaques
As novas variedades têm destaque para uniformidade, tanto de plantas quanto de sementes. BRS Centauro, de ciclo mais longo, proporciona economia no estabelecimento, em razão do menor peso de sementes, significando mais grãos por quilo, e tem grande aptidão forrageira mesmo após três pastejos. Além disso, mantém melhor proporção de folhas, resultando em forragem de melhor valor nutritivo.
De ciclo mais precoce, BRS Madrugada, pode aliar o fornecimento de forragem precoce com antecipação na liberação da área no final do ciclo em até dez dias, permitindo a melhor época de semeadura do milho ou da soja em sucessão.
Essas cultivares, embora prefiram solos férteis para expressar o máximo de rendimento, suportam melhor solos ácidos e de baixa fertilidade, quando comparadas a outras aveias comuns do mercado.
Além da produção de forragem, são excelentes opções para cobertura de solo em pomares; produção de palhada para semeadura direta; incremento de matéria orgânica do solo; reciclagem de nutrientes e para melhorias na estrutura do solo.