Cientistas querem reduzir prejuízos econômicos, principalmente da raça tropical 4 ou TR4, que vematacando as bananeiras pelo mundo afora
Um fungo não tem dado trégua para as plantações de bananas d’água ou nanica (Cavendish). Sozinho, o Fusarium— da raça tropical 4 ou TR4 — já causou perdas na ordem de 134 milhões de dólares aos exportadores da fruta da Indonésia, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU). Para combater o problema, pesquisadores internacionais estão usando ferramentas da bioinformática para estudar a ação desta praga nas bananeiras.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cientistas querem diminuir os impactos econômicos da doença, que causam insegurança alimentar, especialmente nos países em desenvolvimento. Hoje, o fungo está afetando a produção de bananas na China, nas Filipinas e Moçambique, entre outros países. O Brasil está livre desta raça do Fusarium até o momento.
Os estudos de genômica e as ferramentas de bioinformática estão ajudando os cientistas no trabalho de combate à disseminação deste fungo. Isto porque o mercado de bananas mundial é estimado em 36 bilhões de dólares e é fonte de renda para 400 milhões de pessoas, conforme dados da FAO.
Programa
A Universidade de Wageningen é responsável por um programa denominado “Panama Disease” (http://panamadisease.org), pelo qual realiza pesquisas para identificação da doença com o objetivo de ajudara controlá-la. Líder do grupo de pesquisa de banana da Wageningen UR, na Holanda, Gert Kema visitou a sede da Embrapa Informática Agropecuária (SP),em agosto de 2015, onde ministrou a palestra “Detecção, identificação e epidemiologia da Fusarium oxysporum f. sp. cubense, raça tropical 4”.
O grupo liderado pelo cientista realizou a montagem do genoma do Fusarium usando reads de PacBio, uma avançada técnica de sequenciamento de DNA que produz fragmentos (reads) mais longos, o que facilita a montagem de genomas.
Além disto, a equipe do Laboratório Multiusuário de Bioinformática da Embrapa, sediada na Embrapa Informática Agropecuária, realizou a montagem do transcriptomadas quatro raças do fungo: R1, R2, ST4 e TR4. O transcriptoma é o conjunto completo de transcritos de um organismo. Seu cruzamento com os dados do genoma pode gerar informações relevantes para a compreensão do fungo.
“Nós fizemos um trabalho de análise de expressão destas quatro raças, comparando-as. Agora os pesquisadores da Universidade de Wageningen estão tentando compreender melhor a biologia relativa à virulência do fungo, descobrir outros marcadores moleculares e talvez fornecer ferramentas que auxiliem nas medidas de controle”, explica o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Michel Eduardo Beleza Yamagishi.
No solo e na água
O Fusarium se espalha rapidamente pelo solo ou pela água. Com a contaminação da terra, uma área afetada pode ficar improdutiva para a produção de bananas por até três décadas. Kema destacou os riscos e a importância de se adotar procedimentos adequados para quarentena. Para tanto, são usados marcadores moleculares.
“É fundamental unir esforços com outras instituições, como a Embrapa, para estudar a doença e adotar formas mais eficazes de controle, de acordo com o pesquisador da Holanda. “É muito importante estabelecer uma colaboração ativa entre a academia, os institutos e as empresas. E, além disso, estimular o desenvolvimento de programas de pesquisa usando tecnologia de ponta”, ressalta Yamagishi.