Plano nacional visa à erradicação da doença, a partir de orientações técnico-epidemiológicas, metodologias e estratégias específicas
Um guia técnico de trabalho, elaborado por peritos de vários países, define as ações para a última etapa do Plano Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa. Elaborado em outubro de 2015, após reunião de delegados da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), em Cuiabá (MT), o documento lista orientações técnico-epidemiológicas e metodologias. Ainda define as estratégias a serem executadas pelos países da América do Sul para que a doença seja erradicada até 2020. A última etapa será a retirada da vacinação.
A Cosalfa é formada por agentes do setor público pertencentes ao serviço veterinário oficial e do setor produtivo, por indicação da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Para que as ações sejam colocadas em prática, os delegados reivindicam ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) maior rapidez nos estudos para evolução do programa, possibilitando a retirada total da vacinação ou, ao menos, o fim da vacinação de animais maiores de 24 meses de idade.
“A retirada da vacinação de animais adultos já resultaria em uma economia, aos produtores, de quase cem milhões de doses de vacina ao ano.
Parte destes recursos poderia ser destinada a um fundo privado de emergência sanitária, quando for feita a retirada total da vacina”, salienta Altino Rodrigues Neto, superintendente técnico da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Ele destaca ainda que o produtor terá aumento da renda não apenas na economia com as vacinas. “A erradicação possibilitará ao Brasil derrubar barreiras e alcançar importantes mercados que compram quatro bilhões de dólares ao ano”, comenta. Neto acredita que o fim da doença no País poderia aumentar as remessas internacionais de carne brasileira nos mesmos quatro bilhões de dólares.
Ações
A seguir, algumas ações estabelecidas pelo documento aprovado:
- Caracterização dos sistemas produtivos e zonificação para a transição do status sanitário;
- Avaliação do risco de febre aftosanas zonas livres com vacinação;
- Gestão do risco para detectar a vulnerabilidade da reintrodução do vírus nas zonas livres.
A doença
A febre aftosa é uma doença infecciosa, altamente contagiosa, que acomete bovinos, ovinos, caprinos e suínos. Causa grandes perdas produtivas, além da interrupção da comercialização da carne e derivados e de animais vivos para o mercado internacional. Hoje, o rebanho bovídeo brasileiro está livre deste mal com vacinação, segundo informações do Mapa.
Diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques explica que “a pecuária brasileira se encontra em uma provável estabilidade sanitária, em um momento em que o status do País deve avançar”. O Mapa tem como meta em 2016, conquistar o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de status livre de febre aftosa.
PNEFA
Para se tornar um país livre da doença, o Brasil conta com o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA), cuja principal estratégia é a implantação progressiva e a manutenção de zonas livres da doença, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela OIE.
A execução do PNEFA é compartilhada entre os diferentes níveis de hierarquia do serviço veterinário oficial,com a participação do setor privado. Os governos estaduais, representados pelas secretarias estaduais de Agricultura e instituições vinculadas, se responsabilizam pela execução do programa em seus territórios.
Notificação
O Ministério da Agricultura alerta que toda suspeita da doença deve ser notificada imediata e obrigatoriamente pelo pecuarista. Qualquer pessoa que observar a existência de determinados sinais clínicos — tais como babeira, manqueira, feridas na boca, patas e úbere de bovinos, búfalos, caprinos, ovinos, suínos, além de outras espécies de casco fendido—deve comunicar o mais rápido possível, solicitando de imediato a visita do Serviço de Defesa Sanitária Animal de seu Estado (pelo e-mail pnefa@agricultura.gov.br ou pelo telefone 61 3218-2686), e/ou pelos escritórios locais de atendimento.
Segundo o Mapa, um veterinário oficial deve realizar a inspeção dos animais e, caso se confirme como uma doença vesicular (no caso, a aftosa), tomar as providências necessárias, como colheita de amostras para diagnóstico laboratorial e estabelecimento de medidas emergenciais de proteção para evitar que a doença se espalhe.