Com um consumidor cada vez mais exigente, o mercado de trigos diferenciados se expande a cada ano. A novidade desta safra é a cultivar TBIO Duque que garante pães de forma mais macios e com miolo branquinho e o pão francês mais craquelado e com bom volume
O trigo branqueador é um exemplo de como técnicas modernas de melhoramento genético evoluíram para atender a essas demandas. TBIO Duque é a nova cultivar desenvolvida pela Biotrigo Genética que chega nessa safra com dois grandes diferenciais no segmento dos trigos branqueadores: segurança para quem produz esse tipo de grão, através de uma maior resistência às doenças de difícil controle, e aumento do potencial produtivo.
Essas características foram essenciais para que a cooperativa Cocamar, de Maringá, no Paraná, passasse a recomendar a produção do trigo branqueador para seus cooperados. Até 2017 o produtor não recebia nenhum direcionamento para produzir determinado tipo de cultivar.
Segundo o gerente técnico de culturas anuais da Cocamar, Rafael Herrig Furlanetto, foi a partir da aquisição do moinho de trigo que a cooperativa identificou a demanda da indústria e de seus clientes por farinhas especiais, e que, para isso, necessitava de matéria-prima de qualidade.
“O trigo branqueador é um produto especial pois viabiliza todos os elos da cadeia e com esta nova cultivar, o cooperado ganha cultivando um material moderno, com alto teto produtivo e bom pacote fitossanitário”, destaca.
Três pilares no pacote fitossanitário
Responder a demanda do mercado consumidor, aliando liquidez e segurança no campo são algumas das principais vantagens do TBIO Duque. Os pilares da cultivar, que incluem nota 7 para a resistência à Brusone na folha e espiga; tolerância à germinação na espiga e ótima reação à seca, atendem a preocupação do produtor por um bom pacote fitossanitário.
O supervisor comercial da Biotrigo, Deodato Matias Junior, explica que a cultivar vai alavancar a produção desse tipo de trigo tão demandado no mercado.
“A cultivar se diferencia pelo seu alto nível de resistência às principais doenças, como Manchas Foliares, Bacteriose, Brusone e germinação na espiga, facilitando a condução e reduzindo proporcionalmente os custos da lavoura”, explica.
Influência do padrão de consumo brasileiro
Kênia Meneguzzi, supervisora de qualidade industrial da Biotrigo Genética, destaca que o cruzamento dos materiais através do melhoramento genético realizado pela empresa tem total influência do padrão de consumo brasileiro.
“Os consumidores do Brasil têm exigências muito particulares e que mudam de região para região e a gente busca, através do melhoramento genético e dos testes de panificação, atender essas demandas para trazer mais liquidez tanto para quem produz – agricultores, moinhos e indústrias, que precisam de rentabilidade e segurança em seus processos – como para o consumidor – que deseja uma qualidade constante no produto final, ou seja, pães de forma mais macios e com miolo branquinho e o pão francês mais craquelado e com bom volume, entre outras características”. Essa demanda, segundo a supervisora, criou um nicho de mercado para o trigo branqueador.
Segundo Kênia, são, em média, oito anos de pesquisa até o lançamento de uma cultivar, onde são realizados milhares de testes das linhagens ainda em desenvolvimento no campo e também diretamente nos moinhos.
“Recebendo o feedback positivo da indústria moageira e em seus testes de laboratório e padaria experimental, a Biotrigo dá sequência ao processo, lançando a nova cultivar no mercado. Porém, caso o feedback seja negativo, aquela linhagem é excluída do programa de melhoramento. Este é o nosso compromisso com a cadeia produtiva do trigo”, ressalta.
Projetos valorizam trigos branqueadores
Algumas cooperativas e cerealistas já trabalham com cultivares de trigo branqueadoras. Um exemplo é a cooperativa Cocamar, que na safra de 2020 terá 10% da sua área destinada aos materiais branqueadores. Segundo o gerente da cooperativa, será o momento do produtor observar o desempenho dele no campo. Entretanto, o feedback da apresentação do TBIO Duque nos eventos e dias de campo já foi positivo.
“O bom potencial produtivo, o gene para tolerância à brusone e o pacote fitossanitário compatível com o mercado, tem tudo para ganhar mais espaço na próxima safra”, prevê Rafael.