Entre as ações adotadas está o afastamento preventivo de todos os colaboradores identificados como grupo de risco – com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros – e a intensificação das ações de vigilância ativa. A temperatura dos colaboradores também é aferida em diversos momentos, durante a rotina de trabalho
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) lançou nesta sexta-feira, 3, um vídeo com informações sobre a intensificação dos cuidados para a saúde dos colaboradores nas agroindústrias produtoras e exportadoras da avicultura e da suinocultura do País, frente à epidemia da Covid-19 (novo coronavírus).
O vídeo reúne depoimentos de especialistas das diversas áreas dos frigoríficos e apresenta diversos cuidados já adotados no sistema produtivo. Também são exibidas as medidas para a prevenção e o monitoramento da saúde de trabalhadores diretos e terceirizados.
“A preservação da saúde do trabalhador e a garantia de oferta de alimentos à população são nossas prioridades. É uma questão de paz social. A ABPA e suas associadas estão dedicadas nos diversos comitês temáticos de situação para acompanhar o quadro e desenvolver medidas. Todos os cuidados foram tomados. A ABPA criou diversos protocolos de referência setorial dentro destes objetivos”, analisa Francisco Turra, presidente da ABPA e membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
Medidas adotadas
“Antes mesmo da adoção de quarentenas em diversos estados do país, as empresas da avicultura e da suinocultura intensificaram os cuidados para preservar a saúde dos colaboradores e terceirizados no sistema produtivo. O vídeo da entidade explica algumas destas medidas no ambiente de alta biosseguridade implantado nos frigoríficos brasileiros”, explica Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA.
Entre as ações adotadas está o afastamento preventivo de todos os colaboradores identificados como grupo de risco (com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros). Ao mesmo tempo, houve a intensificação das ações de vigilância ativa. A temperatura dos colaboradores é aferida em diversos momentos, durante a rotina de trabalho.
Vários dos cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde já eram adotados pelas empresas nos protocolos de rotina de trabalho, conforme é mostrado no vídeo.
De forma preventiva e indo além das recomendações dos órgãos de saúde, as agroindústrias determinaram ações como o aumento da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora do frigorífico, como o transporte, a adoção de medidas contra a aglomeração, com a redistribuição de horários de refeição e transporte, e outros.
Houve reforço nas orientações de cuidados para a saúde (com materiais orientativos) e na distribuição de álcool em gel pelas unidades frigoríficas.
Ações no Espírito Santo
Indústrias da avicultura e suinocultura do Espírito Santo também vêm adotando medidas desde o início do processo de contingenciamento determinado pelas autoridades federais e estaduais. As Associações de Avicultura e Suinocultura do Estado (AVES e ASES, respectivamente) passaram a auxiliar os setores no combate ao vírus.
De acordo com o diretor-executivo das duas entidades, Nélio Hand, as informações e orientações que chegam em todos os âmbitos passaram a ser analisadas e direcionadas para os segmentos de suínos, frangos e ovos, a fim de iniciar um processo consistente de proteção à produção, mas especialmente de quem está trabalhando no dia a dia desses segmentos.
“Estamos participando de comitês e grupos de acompanhamento nacionais, coordenados especialmente pela ABPA e ABCS (Associação Brasileira dos Criadores de Suínos), onde estamos auxiliando com sugestões e colhendo informações importantes para serem passadas aos nossos setores. À medida que o assunto está evoluindo, conseguimos desenvolver materiais informativos que foram e estão sendo transmitidos à sociedade e, especialmente, aos segmentos da avicultura e suinocultura capixabas”, destacou.
Uma das empresas que tem seguido à risca essas orientações é a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi). Quem fala mais sobre esse trabalho que vem sendo desenvolvido desde os setores de marketing e comunicação – nas redes sociais e em diversos pontos da empresa – até os colaboradores, é o gerente regional avicultura da instituição, Altemir Jose Scardua.
“Temos feito ações rotineiras, monitorando a temperatura de todos colaboradores do entreposto de ovos duas vezes ao dia, deixamos as pessoas do grupo considerado de risco trabalhando em casa, monitoramos ainda a entrada de pessoas na planta de atuação do pátio. Só podem entrar pessoas que fazem parte do negócio, como as que vem entregar ovos”, destaca o gerente.
A cooperativa também tem orientado os motoristas e está fornecendo aos mesmos materiais para higienização como álcool gel e máscaras. Além disso, o uso do álcool gel foi reforçado junto com as informações sobre sintomas que possam ser suspeitos e os atendimentos aos cooperados estão acontecendo via telefone.
“Estamos atendendo os cooperados e obedecendo as orientações das autoridades de saúde. Trabalhamos junto aos cooperados a sustentabilidade e sabemos que a disciplina e o discernimento são as principais armas para superarmos esse momento”, finalizou Altemir.
Cuidado com quem retorna de viagem
Outra empresa do setor avícola capixaba que se destaca com o trabalho de incubação de ovos e produção de frango, o Grupo Venturini, também tem destacado junto aos seus colaboradores a importância da higiene no dia a dia da empresa. É o que conta o gerente do incubatório da entidade, Victor Venturini.
“Para aqueles colaboradores que chegam de viagem de alguma área de risco, estamos orientando os mesmos a ficar em quarentena e aqueles funcionários do grupo de risco receberam férias”, enfatizou Victor.
Ele também ressalta que aqueles funcionários que apresentam algum sintoma da Covid-19 são encaminhados ao médico. Os colaboradores que já utilizavam álcool gel agora também estão fazendo uso das máscaras. Na parte de visitas, está tudo suspenso e os motoristas terceirizados não estão tendo contato com os profissionais do incubatório.