Conciliando sustentabilidade, impacto social e retorno financeiro em longo prazo, empresas oferecem serviços de gestão florestal para cultivo e manejo de árvores de madeira nobre, como o mogno africano, teca e jequitibá rosa.
A demanda por madeiras roliças vem apresentando forte crescimento, e a tendência é que o mercado se amplie ainda mais nos próximos anos, impulsionado, principalmente, pelos segmentos moveleiro e da construção civil. Segundo o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), atualmente, no Brasil são extraídos 11 milhões de metros cúbicos de madeira tropical oriunda de florestas naturais.
O SFB prevê uma redução de 64% da oferta até 2030, sendo que neste mesmo período a demanda deve quadruplicar, chegando a 21 milhões de metros cúbicos ao ano.
Considerando a alta procura e baixa oferta de madeira dura tropical proveniente da Amazônia, especialistas temem que o mercado vivencie o fenômeno chamado “Apagão Florestal”, que seria a escassez de madeira comercializável.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), que desenvolve material genético para produção de madeiras nobres, haverá a diminuição de áreas privadas para produção e extração de madeiras devido a pressões na Amazônia e, por outro lado, ocorrerá o aumento na demanda por madeiras nobres serradas.
Segundo a empresa do setor florestal, o Brasil tem 30 mil hectares plantados de mogno africano, isto é, somando plantios organizados, consorciados e pequenas iniciativas em todo país. Mas tem um déficit de cerca de 16 milhões de metros cúbicos, que se fosse para plantar tudo em mogno, representaria cerca de 50 mil hectares plantados e produziria 500 a mil hectares por ano.
Em 2016, por exemplo, os produtos madeireiros provenientes da extração vegetal (floresta nativa) foram responsáveis por uma movimentação de R$2,8 bilhões, enquanto a produção da silvicultura (florestas plantadas) foi de R$13,7 bilhões.
O IBF acredita que o desafio do setor é implantar novas florestas capazes de atender a demanda do mercado de forma sustentável e equilibrada, sendo aptas a atender as exigências do mercado consumidor.
Gestão de árvores
Foi com esse objetivo que o economista, Felipe Passos e o engenheiro florestal Alessandro Ribeiro fundaram a Forte Florestal, uma empresa brasileira que faz a produção e gestão de árvores, como Mogno Africano, Teca e Jequitibá Rosa.
“Essas espécies têm um ciclo, para produção comercial, de 18 a 20 anos e madeira de excelente qualidade com ótima aceitação no mercado e valores bastante elevados para a venda, trazendo grandes retornos financeiros aos investidores”, explica o CEO da Forte Florestal, Felipe Passos.
Para ele, o investimento é indicado para pessoas que desejem diversificar seus investimentos e se interessem em um ativo real alinhado com a preservação do meio ambiente.
“O aporte mínimo é em torno de R$ 200 mil, que poderá ser parcelado ao longo dos três primeiros anos do plantio. A rentabilidade média, em hectares, é de uma produção de 200 m³ de madeira serrada ao longo do ciclo de 20 anos com o preço médio de venda a R$ 2.500,00 o m³”, informa.
Além da madeira, existe ainda a possibilidade da capitalização da floresta com a emissão de créditos de carbono, que são títulos negociados na bolsa de valores comprados por empresas que buscam mitigar suas emissões de gases causadores do efeito estufa. As florestas plantadas são grandes responsáveis pela captura de gás carbônico da atmosfera.
“O impacto principal do plantio de florestas comerciais é abastecer o mercado com madeira de qualidade e inibir a extração ilegal de madeira das florestas nativas, além, é claro, dos impactos diretos que ocorrem no solo, nas águas e, principalmente, no ar”, afirma Passos, lembrando que o mercado de créditos de carbono ainda terá novidades ao longo de 2020.
Como funciona
A empresa indica uma área com potencial de plantio para o investidor adquirir, planta a muda e cuida da floresta durante todo o ciclo da árvore, até que elas estejam prontas para o corte. Além disso, também beneficia a madeira retirada e representa o cliente na venda final para o comprador.
“Executamos todas as etapas do plantio para o cliente como: limpeza da área, preparo do solo, produção das mudas, plantio, replantio e manutenção da floresta ao longo do ciclo da madeira”, conta o CEO.
Nas fazendas administradas ainda existe o cuidado de identificar, delimitar e registrar todas as áreas de reserva legal e APP’s. Por serem espécies exóticas (não brasileiras), o Mogno Africano e a Teca não precisam de autorização para o plantio.
De acordo com o número de clientes interessados, uma nova fazenda é comprada e dividida em alqueires. Cada lote comprado tem cerca de 50% de área para plantação e 50% de Mata Atlântica nativa, que não pode ser explorada. Isso garante que a área de preservação se mantenha.
Além disso, o solo utilizado para a plantação, antes degradado, vai sendo enriquecido com micro-organismos, água e restos vegetais decorrentes da floresta em desenvolvimento.
“Os critérios básicos para escolha da área plantada é como a avaliação de qualquer cultura como: análise do solo e adaptabilidade da espécie a ser plantada com a oscilação de temperatura e quantidade de chuva do local do plantio”, ensina Passos.
Hoje, sete anos depois da primeira fazenda, já são cerca de 50 clientes, oito fazendas e mais de 1 mil hectares de área plantada. Tudo isso em uma região estratégica, a cidade de Jacupiranga, no Vale do Ribeira, a 200 km do Porto de Santos e a 180 Km do Porto de Paranaguá
Plantações para reduzir a pressão sobre as florestas naturais
Segundo a WWF, a demanda líquida pela madeira provavelmente aumentará, mesmo se houver um uso mais contido, com reciclagem crescente e maior eficiência.
Se a destruição de florestas naturais ficar próxima de zero após 2020, sem que haja uma redução significativa no consumo, até 2050, precisaremos de 250 milhões de hectares de novas plantações de árvores. Isso é quase o dobro dos plantios hoje existentes. Portanto, plantações bem manejadas e que contribuam para restaurar os ecossistemas, principalmente se feitas em terras que já estão degradadas, desempenharão um papel cada vez mais relevante.
A crescente carência certamente também irá pressionar enormemente as florestas naturais. O relatório Florestas Vivas, da WWF, indica que, até 2050, a colheita comercial (de madeira) atingirá 25% mais florestas do que hoje. A certificação florestal continuará a ser um instrumento importante para melhorar as práticas de manejo florestal por meio de um mecanismo de mercado.
Desafio energético
O relatório da WWF preconiza que até 2050, a necessidade anual de madeira para uso energético poderá chegar a 6 e 8 bilhões de metros cúbicos, demandando mais do que o dobro da madeira hoje retirada para todo tipo de uso.
Isso representa um desafio para o planejamento do uso sustentável da terra, segundo a Rede WWF. Para ela, a bioenergia tem um importante papel entre as diversas alternativas para combustíveis fósseis, além de oferecer outras fontes de renda e maior segurança energética para as comunidades rurais.