Destinado a planejar e coordenar. em conjunto com parceiros, o desenvolvimento de Indicações Geográficas (IGs) e de Marcas Coletivas no Estado do Paraná, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizou a última reunião do Fórum Origens Paraná. Na ocasião, o grupo apresentou a evolução do debate sobre o tema na região e colocou como proposta, para o ano que vem, tornar o Paraná o Estado que mais consome produtos com IGs no Brasil.
Conforme o Sebrae-PR, a meta surge após o reconhecimento do trabalho realizado ao longo de 2019. A articulação entre produtores rurais, entidades, chefs de cozinha e o setor produtivo em torno desse tema colocou o trabalho dos paranaenses como uma referência nacional, segundo representantes do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Consultora do Sebrae do Paraná, Andreia Claudino acredita que o grupo conquistou resultados significativos no seu primeiro ano de atividades. “Conseguimos promover uma integração entre produtores, entidades, o setor produtivo e interessados no tema, além de possibilitar um importante espaço para que todos esses atores possam trocar experiências e crescer juntos. Entendemos a história desses territórios, a importância e o potencial desses produtos no mercado”, ressalta.
Reconhecimento
O Origens Paraná também foi reconhecido pelo Ministério da Agricultura e criou uma identidade visual própria. O movimento ganhou força e hoje não envolve apenas os produtores que já possuem IGs ou estão pleiteando o registro.
Também envolve produtores que se interessaram e começaram a trabalhar e se articular em torno desse trabalho. Esse foi o caso farinha de mandioca de Guaraqueçaba, a farinha de trigo de Irati, os vinhos de Bituruna, o ginseng de Querência do Norte e os morangos de Pinhalão, o porco moura e os vinhos de Bituruna.
Em 2019, foram realizados seis encontros do Fórum Origens Paraná que, além dos agricultores, reuniram representantes do Sebrae/PR e Sebrae Nacional, Ministério da Agricultura, Inpi, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater-PR), Agência de Desenvolvimento Turístico (Adetur), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Positivo, Unioeste e chefs de cozinha.
Também foram promovidos eventos que tiveram como objetivo apresentar o tema de Indicações Geográficas, possibilitar o contato com os produtores e envolvidos na cadeia produtiva e divulgação. O grupo participou de importantes eventos da gastronomia como o Mesa São Paulo, o Prêmio Bom Gourmet, o Fórum Tutano de Gastronomia, Festival Saberes e Sabores, além de eventos abertos ao público como a exposição de produtos no Mercado Municipal de Curitiba.
Importanteschefs de cozinha também produziram pratos especiais com os produtos com Indicação Geográfica e os incluíram em seus cardápios. Os pratos foram apresentados durante o encontro “Culinária com IG”, realizado em agosto deste ano.
Metas para 2020
Para o ano que vem, as reuniões bimestrais também deverão ser realizadas em diferentes regiões do Paraná, com a realização de palestras, elaboração de receitas com produtos com IGs, venda de produtos, networking entre interessados, entre outros interessados.
Segundo o coordenador do fórum, Helinton Lugarini, o objetivo é popularizar os conceitos de Indicações Geográficas e difundir o tema entre a população e o setor gastronômico produtivo.
“Queremos estimular a realização de negócios entre o mercado e o consumidor final e utilizar as IGs como ferramentas de desenvolvimento econômico e inovação entre as regiões envolvidas do estado. Tivemos importantes avanços, mas ainda há muito a evoluir em relação a esse tema no estado”, explica.
No encontro realizado na última quinta-feira, 12 de dezembro, o grupo também discutiu a possibilidade de uma exposição periódica de produtos no Mercado Municipal de Curitiba e em feiras e espaços tradicionais em cidades do Paraná. Também houve o interesse pela produção de projetos que podem ser enviados para a captação de recursos junto a órgãos públicos interessados como o Ministério da Agricultura.
“Ao final de cada ano, há ministérios e secretarias com recursos disponíveis e interessados em realizar investimentos em projetos com potencial. Com um projeto bem estruturado é possível captar importantes recursos”, afirmou Dant Danilo de Oliveira Macedo, engenheiro agrônomo do Mapa.
Case do Café do Cerrado Mineiro
Durante o encontro, os participantes conheceram o caso do Café do Cerrado Mineiro, que criou uma fundação e obteve a captação de recursos que possibilitou com que o negócio crescesse. Mas, além dos recursos e do registro de Indicação Geográfica, a marca pensou de maneira estratégica.
“Pensamos em uma estratégia de marca e branding e queríamos ganhar notoriedade pelo nosso produto, um trabalho para chegarmos ao mercado internacional. Sem essa estratégia e sem a criação de um propósito claro, nosso projeto perderia força. A busca pela IG surgiu depois como uma maneira de proteger o nosso produto”, explicou Juliano Tarabal, engenheiro agrônomo e superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro.
Valor agregado
Andreia Claudino salienta que a IG passa a agregar valor a partir de uma estratégia real de mercado, com canais de vendas bem definidos e ações direcionadas.
“Você não vende um produto com IG em escala e para os mesmos canais. Temos que pensar em diferentes estratégias de comunicação e comercialização. É preciso sensibilizar o consumidor sobre o valor de seu produto e prestigiar os lojistas e representantes do mercado que valorizam um produto com qualidade”, avalia.
Os participantes do fórum ainda passaram por uma experiência de conhecer diferentes cafés especiais e pães de fermentação natural feitos com o Trigo de Origem durante uma visita ao Lucca Cafés Especiais.