A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza acaba de divulgar a seleção de 15 projetos de 11 Estados brasileiros, que buscam conservar ambientes costeiros e marinhos brasileiros, preservar espécies ameaçadas e aliar inovação e meio ambiente. O financiamento total gira em torno de R$ 1,8 milhão.
Coordenador de Ciência e Conservação da instituição, Robson Capretz reforça a a necessidade de proteger os ambientes costeiros e marinhos, cenário que tem despertado cada vez mais a atenção da sociedade.
“Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas) são muito baseados na qualidade de vida e o potencial econômico que vêm dos mares e a população brasileira tem uma relação muito estreita com o oceano”, ressalta.
Ele ainda acrescenta que, “considerando o tamanho da costa que temos no País e a dependência que temos dela, torna-se cada vez mais importante investir em estratégias para a conservação marinha”.
Além de citar alguns projetos selecionados, ele também informa que um novo edital está aberto (mais informações abaixo).
Será que vai dar praia?
A identificação de áreas prioritárias para conservação é um elemento central da conservação marinha, dificultado pela escassez de informações. Entre esses ambientes estão as praias, os territórios costeiros mais usados pelos seres humanos e que abrigam uma diversidade única, atuando como local de alimentação e reprodução para inúmeras espécies.
Nesse cenário, o objetivo do Instituto Costa Brasilis, de São Paulo, é desenvolver estratégias de identificação de praias prioritárias para a conservação, evidenciando a importância desses locais e indicando quais características ambientais devem ser consideradas para garantir a manutenção da sua biodiversidade.
Monitoramento de recifes com drones
Quando saudáveis, os recifes executam funções importantes na regulação do clima e na proteção costeira, demandando estratégias de conservação eficazes. Nesse projeto inovador dos Estados de Alagoas e Pernambuco, pesquisadores da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco vão estudar, monitorar, mapear e fiscalizar atividades realizadas em recifes em escala ampla.
Para auxiliar na proteção desses ecossistemas serão usados veículos aéreos não tripulados (vants, que são mais conhecidos como drones).
Proteção do peixe-serra
A pesca acidental é apontada como uma das principais ameaças para as espécies de peixe-serra, consideradas extremamente ameaçadas de extinção. Identificados cientificamente como Pristis pristis e Pristis pectinata, esses peixes vivem entre o Amapá e São Paulo, com maior concentração na região Norte.
Diante desse cenário, o projeto do Instituto Bicho D’Água, do Pará, busca levantar dados, mapear a ocorrência de peixe-serra no litoral paraense e avaliar o status populacional das espécies, além de implementar programas de educação ambiental para as comunidades pesqueiras com o objetivo de reduzir a pesca acidental e assegurar a conservação das espécies.
Novas tecnologias para peixes ameaçados
Com o objetivo de desenvolver e implementar estratégias sustentáveis de manejo dos estoques pesqueiros, pesquisadores do Instituto Comar avaliarão a costa brasileira, com foco nos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Sergipe e Bahia.
A iniciativa criará um aplicativo para monitorar informações sobre espécies marinhas – como tamanhos, ocorrências, entre outros – que sirva de base de consulta a órgãos públicos para avaliar medidas propostas em planos de recuperação.
Restauração ecológica no Parque Nacional Lagoa do Peixe
Criado em 1986 para proteger aves migratórias e ecossistemas litorâneos do Rio Grande do Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe enfrenta, atualmente, um problema com a expansão de pínus na região.
Essa árvore exótica foi introduzida nesse lugar há muitos anos e hoje ocasiona a degradação dos ecossistemas naturais, além de causar mudanças na paisagem e perdas da biodiversidade local.
O projeto proposto pela Associação Socioambientalista Igré é controlar essa população invasora e assegurar o restabelecimento dos ecossistemas nativos no local, como os campos de dunas.
Preservação de lagartos
Glaucomastix littoralis é uma espécie de lagarto ameaçada de extinção e que está presente somente no Estado do Rio de Janeiro. A pressão da especulação imobiliária sobre o habitat do réptil – a restinga litorânea – é um dos fatores que mais ameaça o desenvolvimento da espécie.
A remoção do habitat e mudanças climáticas podem alterar padrões de comportamento e reprodução, interferindo no ciclo natural da espécie. Diante desse contexto, pesquisadores do Instituto Biomas (RJ) vão investigar a situação das populações desse lagarto e seus principais fatores de risco para estabelecer ações que assegurem a conservação e proteção da espécie.
Inscrições abertas para novos projetos
Estão abertas as inscrições para o 57º Edital da Fundação Grupo Boticário – Novas Ideias para a Conservação da Natureza. Interessados de todo o Brasil podem inscrever trabalhos voltados à conservação da biodiversidade até 31 de março, pelo site da instituição (www.fundacaogrupoboticario.
Diferentemente dos anos anteriores, que tiveram uma chamada em cada semestre, 2019 concentrará as inscrições em uma só oportunidade. Nesta edição, serão selecionados projetos dentro das temáticas: ambientes marinhos; unidades de conservação de proteção integral e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs); inovações e novas tecnologias para a conservação da natureza; e espécies ameaçadas.
Desde 1991, quando o primeiro edital da Fundação Grupo Boticário foi aberto, 1.563 iniciativas foram apoiadas em todo País, somando um investimento de cerca de R$ 80 milhões. Os projetos inscritos devem estar vinculados a instituições sem fins lucrativos, como fundações de universidades, organizações não governamentais (ONGs) e associações. Dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail para edital@fundacaogrupoboticario.