Tecnologias impulsionam o cultivo orgânico de hortaliças
A lavoura em nada lembra uma horta tradicional. Dentro de uma estrutura coberta por plástico e protegida por telas nas laterais, tomates saudáveis crescem livres de insumos químicos.
Eles são produzidos no abrigo de cultivo desenvolvido pela Epagri/Estação Experimental de Itajaí, que viabilizou a produção de tomate orgânico em solo barriga-verde – proeza impensável até a década de 90, antes do surgimento dessa tecnologia.
Guarda-chuva
“O abrigo funciona como um guarda-chuva”, explica o engenheiro-agrônomo José Angelo Rebelo. A cobertura evita as chuvas em excesso sobre a planta, dificultando o surgimento de doenças, enquanto a tela barra a entrada de insetos. Sob os beirados do abrigo, calhas coletam a água da chuva e a conduzem até reservatórios que abastecem um sistema de irrigação por gotejamento.
Essa e outras tecnologias para a produção orgânica de hortaliças, vêm sendo estudadas e disponibilizadas aos agricultores desde 1990, pela Estação Experimental de Itajaí. Elas resultam de estudos em áreas como nutrição das plantas, irrigação, manejo do solo, controle e prevenção de doenças, produção de mudas, seleção de cultivares e manejo do ambiente de cultivo.
Graças a esse trabalho, pequenos e grandes produtores têm acesso a técnicas que não beneficiam apenas quem trabalha com a produção orgânica. “Disponibilizamos um sistema completo para qualquer agricultor, inclusive do modelo convencional, adotar as técnicas que quiser. O uso adequado dos agrotóxicos já é uma arma importante na defesa das plantas e na redução dos impactos ambientais”, diz Rebelo.
Exemplo
Um exemplo vem da propriedade da família Tribess, de Blumenau. Por muitos anos, o casal Maria Cristina e Werner produziu hortaliças no sistema convencional. “Era muita mão de obra, a chuva prejudicava as hortaliças e, às vezes, não tínhamos o que colher”, lembra a agricultora.
Em busca de uma solução, a família fez cursos para conhecer as tecnologias da Epagri e testou o que aprendeu em uma área pequena. “Em 1996, construímos um abrigo de 7×3 m para tomates que, na primeira safra, deu mais dinheiro do que 250 pés plantados fora dele. Depois disso, nunca mais plantamos em campo aberto”, conta Werner.
Hoje, a família cultiva tomate, pepino, feijão, alface, pimentão, berinjela e cebolinha. São colhidas cerca de 3 t de tomate por mês e 2 t mensais de pepino no verão. O volume de produção praticamente dobrou, o serviço ficou mais leve, a renda cresceu e o uso de insumos químicos caiu 90%. Animados com os resultados, os Tribess estão em transição para a produção orgânica.