Embrapa e Fundo Global da Diversidade Agrícola assinam acordo para coleta e conservação de culturas agrícolas de importância na alimentação mundial
O presidente da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Maurício Lopes, e o representante do Fundo Global da Diversidade Agrícola (Global Crop Diversity Trust), Luigi Guarino, assinaram, em março, um acordo para coleta e conservação de parentes silvestres de quatro espécies de interesse para a agricultura mundial: arroz, batata-doce, batata e um cereal conhecido internacionalmente como finger millet, espécie muito cultivada e consumida em regiões áridas da África e da Ásia. O Fundo vai investir cerca de US$ 150 mil neste projeto de pesquisa, que será desenvolvido pela Embrapa.
O projeto vai envolver cerca de 25 países e o Brasil é o primeiro na América Latina a assinar o acordo. Segundo o representante do Fundo, a escolha da Embrapa se deu pela experiência de seus pesquisadores na coleta de espécies vegetais, adquirida e consolidada ao longo de quatro décadas, nas quais realizam sistemáticas expedições em todas as regiões brasileiras em busca do aumento da diversidade genética de espécies vegetais de importância alimentar, entre outras aplicações, como energia, medicina, indústria de cosméticos e produção ornamental, entre outras.
Parentes silvestres
Essas espécies foram definidas pelo próprio Fundo porque possuem parentes silvestres em várias regiões brasileiras e muitos ainda não estão conservados nos bancos genéticos do País. O objetivo da instituição é garantir a conservação dos parentes silvestres dessas espécies, com o máximo de variabilidade possível. Por isso, o projeto prevê ações de coleta em todas as regiões brasileiras e, depois, a sua integração aos bancos conservação de arroz (Embrapa Arroz e Feijão), batata e batata-doce (Embrapa Clima Temperado e Embrapa Hortaliças).
Em Brasília, Luigi Guarino se reuniu ainda com representantes de três ministérios: Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Meio Ambiente e Relações Exteriores para discutir formas de aumentar a colaboração do Brasil no Fundo Global para garantir a segurança alimentar no mundo. “As reuniões buscaram fortalecer as relações entre o Brasil e o Crop Trust, na medida em que trabalham para preservar a diversidade de culturas, que é vital para alimentar as crescentes populações considerando-se ainda o atual cenário de mudanças climáticas”, afirmou Guarino.
Líder mundial
Segundo ele, o Brasil é amplamente conhecido como um líder mundial no campo da pesquisa agrícola. Em abril de 2014, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia inaugurou as modernas instalações do novo Banco Genético — um investimento de R$ 13 milhões, que ajudará a complementar o esforço de conservação das coleções internacionais e bancos genéticos do Brasil e do exterior. “O novo Banco Genético já está contribuindo para o esforço internacional ao abrigar a duplicata da coleção de batata do Centro International de Batata (CIP), localizado no Perú. Essa colaboração global é absolutamente essencial, dada a interdependência entre as nações em relação à diversidade de culturas. O Brasil, por exemplo, é dependente de vários tipos de culturas não nativas e que representam cerca de 90% da energia alimentar que sua população consome”, ressalta o representante do Fundo.